Executivos do setor esclarecem dúvidas sobre o sistema e ressaltam as soft skills necessárias para ter sucesso como franqueado
Coragem, risco e transformação são palavras que definem o espírito empreendedor. Tirar uma ideia do papel é muito mais do que abrir um negócio: é construir um legado e impulsionar a economia. No Dia do Empreendedor, celebrado em 5 de outubro, o destaque vai para quem movimenta sonhos e oportunidades — e, no universo das franquias, esse movimento se mostra cada vez mais relevante. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor faturou R$ 69,9 bilhões no segundo trimestre de 2025, crescimento de 14,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, apesar dos bons resultados, executivos do setor alertam: franquia não é atalho. O sucesso depende da atuação do operador local e de suas habilidades de gestão.
Para enriquecer o debate, líderes de marcas reconhecidas no franchising compartilham suas perspectivas sobre os principais desafios e os caminhos para prosperar nesse modelo de negócio, confira:
*Rigor antes do lucro*
Para Luis Fernando Carvalho, empresário e CEO da Homenz, rede de clínicas de saúde e estética masculina, há uma diferença clara entre empreender sozinho e contar com o apoio de uma organização estruturada. “É um formato que oferece base, mas não dispensa comprometimento, dedicação e organização financeira. Se o franqueado não entende isso, pode se frustrar. É preciso ter clareza de que há um período de adaptação, e que o retorno só vem com constância no trabalho”, explica.
*Identificação com o empreendimento*
A mesma visão é compartilhada por Vanessa Vilela, fundadora da Kapeh, rede que atua no modelo loja 2 em 1, unindo uma cafeteria especializada em cafés especiais a uma loja de cosméticos exclusivos. Para ela, além de comprometimento, é importante que o investidor tenha afinidade com a atividade escolhida. “Não basta olhar apenas para números ou para a marca em si. Quando há propósito e conexão com o segmento, o engajamento cresce e as conquistas aparecem com mais força”, afirma.
*Olhar além do básico*
Já para o médico Edson Ramuth, fundador do Emagrecentro, referência em emagrecimento saudável e estética corporal, um diferencial dos multifranqueados está na forma como encaram a operação. “Os empresários que se destacam são aqueles que vão além: trazem inovações, adaptam-se rápido e buscam atender de maneira constante às necessidades dos consumidores”, destaca.
*A realidade do empreendedorismo*
Deixar uma carreira consolidada para abrir o próprio negócio exige preparo e disciplina. Como alerta Eduardo Córdova, CEO e sócio-fundador do market4u, maior rede de mercados autônomos que opera em condomínios residenciais e comerciais, muitos acreditam que empreender significa trabalhar menos ou não ter chefe, mas a realidade é justamente o oposto: “É preciso trabalhar muito mais e ter disciplina para se manter firme”. Ele destaca que o modelo de franquia oferece treinamentos, know-how e apoio da franqueadora, mas o sucesso depende diretamente da dedicação e protagonismo do franqueado.
*A experiência necessária para entrar no franchising*
Leonardo dos Anjos, diretor de franquias da Anjos Colchões & Sofás, rede especializada em colchões e sofás com mais de 30 anos no mercado, revela que uma das maiores dúvidas das pessoas ao ingressarem no franchising é se precisam ter experiência prévia na área escolhida. No entanto, ele destaca que, no varejo, não é necessário ter familiaridade com o segmento. “A maioria dos nossos franqueados vem de outros setores e, por isso, oferecemos um programa de capacitação completo, com cinco dias de imersão presencial na franqueadora, incluindo treinamento e visita à fábrica. Após isso, há treinamentos online regulares e encontros semanais ao vivo, focados nas necessidades dos franqueados.”, explica.
*A importância do suporte ao franqueado*
Já a Dra. Rosane Argenta, sócia-fundadora e CEO da Saúde Livre Vacinas, rede especialista em imunização, comenta que os maiores desafios que identificou estão relacionados à gestão e administração do negócio. “É comum achar que, por ser uma franquia, não é necessário ter uma atuação proativa na gestão, vendas, prospecção e relacionamento com clientes. Para ajudar, criamos treinamentos que, além da parte técnica, abordam o comercial e o plano de negócios, ensinando como calcular o retorno do investimento e acompanhar a performance da unidade”, explica.
Posicionamento que gera credibilidade
Para Jhosy Ludwig, COO e sócia-fundadora da LypeDepyl, rede referência em depilação a laser e pioneira em despigmentação de tatuagens e sobrancelhas, as dúvidas mais comuns dos novos franqueados envolvem investimento, suporte e diferenciais competitivos. “É natural perguntarem sobre custos, retorno e estrutura de apoio, mas também sobre como a marca se posiciona em um mercado concorrido. Para o investidor, escolher uma franquia com boa reputação, tecnologia consistente, atendimento personalizado e diferenciais claros é o que garante credibilidade e fidelização de clientes”, conclui.
*A importância de operações enxutas para iniciantes*
Uma dúvida comum ao entrar no franchising é sobre a segurança do investimento. A COF (Circular de Oferta de Franquia) resolve isso, pois detalha todas as obrigações das partes. Rodrigo Melo, co-fundador e CEO da Açaí Concept, rede global de franquias de açaí e cremes tropicais, conta que a gestão é outra dúvida muito comum. “Muitas franquias hoje em dia possuem operações simples, como é o nosso caso, o que facilita para quem é novato. Ainda assim, é importante ter noções básicas de finanças, como fluxo de caixa. Além disso, pesquisar o mercado é essencial para entender o retorno do investimento e a viabilidade do negócio”, comenta. Podcast edinhotaon/ Edno Mariano