A internet acordou em polvorosa nesta terça-feira (04) com a repercussão de uma propaganda de uma marca de automóveis. A peça, que celebra os 70 anos da montadora, traz a cantora Maria Rita ao lado da própria mãe, Elis Regina, uma das maiores artistas da música brasileira, morte em 1982. Assim, os olhos se voltaram mais uma vez à intérprete, que morreu jovem, aos 36 anos, após uma parada cardíaca.

Elis Regina marcou seu nome da história da cultura brasileira pela sua potente voz e também pela forte militância política. Ela é intérprete de inúmeros sucessos, como “Águas de Março”, com Tom Jobim, “O bêbado e o Equilibrista” e “Como Nossos Pais”, música escolhida para sonorizar a propaganda da montadora. Entre clássicos e polêmicas, Elis causou comoção com sua morte, em 19 de janeiro de 1982.

Além de uma imensa tristeza nacional, a partida de Elis Regina também deu início a um grande escândalo. A biografia da artista ressalta que ela sofreu uma parada cardíaca após consumir uísque, cocaína e tranquilizantes, ou seja, seria uma overdose acidental. A cantora não tinha histórico de abuso, seja de álcool ou de drogas. Amigos próximos se questionaram sobre o que teria ocorrido de fato.

Overdose?

De unanimidade artística, a cantora se tornou persona nongrata pela sociedade conservadora brasileira em plena Ditadura Militar. Familiares contestaram o laudo oficial que indicava a causa da morte. Na época, o diretor do IML paulistano era Harry Shibata, que seis anos antes havia assinado o laudo falso sobre o suposto suicídio do jornalista Vladimir Herzog, assassinado por oficiais militares.

“O fato foi que ela consumiu uma quantidade de cocaína com Cinzano. A bebida potencializou o efeito da droga, ela teve uma parada cardíaca e morreu. Não existe polêmica”, afirmou Julio Maria, autor da biografia “Elis Regina – Nada Será Como Antes”. Amigos questionam. “Elis morreu por acidente. Alguma coisa, que só Deus sabe, deu errado ali”, sacramentou o produtor musical Nelson Motta.

Na noite anterior à sua morte, Elis Regina recebeu amigos em seu apartamento no Jardim Paulista, área nobre de São Paulo. Estava lidando com a pressão de ser mulher, mãe e ter de criar mais sucessos em um novo álbum. Abalada, não conseguia dormir. Foi encontrada pelo namorado, Samuel Mac Dowell, na manhã seguinte, estirada e inerte no quarto.