The Noite recebe pesquisadora da UFRJ e paciente que recuperou os movimentos após lesão medular

Uma pesquisa brasileira abriu uma nova perspectiva no tratamento de lesões na coluna. No The Noite desta quarta-feira (1º), a doutora Tatiana Sampaio, professora e pesquisadora da UFRJ, e o paciente Bruno Drummond compartilham uma história de ciência e superação que emociona e inspira.

Tatiana é responsável pela criação da polilaminina, um medicamento experimental desenvolvido a partir da laminina, proteína natural presente no corpo humano. “Usá-la para regenerar esse tipo de lesão faz todo o sentido.”

“A pesquisa, no total, levou 26 ou 27 anos. Foi o trabalho de uma vida”, completa a doutora. O composto mostrou potencial inédito no tratamento de lesões na medula. Bruno foi um dos pacientes que recebeu a aplicação e, depois de um grave acidente automobilístico em 2018 que o deixou tetraplégico, conseguiu recuperar os movimentos.

O acidente aconteceu quando o carro em que Bruno estava colidiu com um poste e capotou diversas vezes. O pai sofreu uma fratura no fêmur, o irmão saiu ileso, mas Bruno quebrou o pescoço e teve uma lesão completa na medula. “Não lembro de nada do acidente. Me disseram que, na hora, eu só sentia o pescoço, mas não tenho mais nenhuma lembrança. Só recordo de ter acordado depois da cirurgia sem mexer nada, apenas o pescoço”, conta.

O diagnóstico inicial era de cadeira de rodas pelo resto da vida. Mas a história começou a mudar quando um dos médicos envolvidos em sua cirurgia comentou sobre a pesquisa da UFRJ. O tio de Bruno, que é médico, leu o estudo rapidamente e, com a concordância de uma tia neurocirurgiã, autorizou sua inclusão no tratamento experimental.

“Dei a sorte de que um dos médicos que participaria da minha cirurgia conhecia o estudo. Ele comentou, meu tio leu rapidamente e uma tia de segundo grau, que é neurocirurgiã, disse para me incluírem nele”, lembra.

A polilaminina foi aplicada diretamente na medula. Três semanas depois, surgiu o primeiro sinal de recuperação. “Primeiro consegui mexer o dedão do pé, bem devagar. Depois, comecei a acionar os músculos da perna direita e, bem depois, os da esquerda.”. O processo de reabilitação, que incluiu fisioterapia intensiva, durou cerca de um ano até que ele reaprendesse a andar.

Para Tatiana, cada passo de Bruno é a confirmação de um trabalho de décadas. “Comecei testando em células animais isoladas no laboratório, depois passamos para ratos, em seguida cães e, por fim, seres humanos.”

“Sou a chefe do laboratório. Há vários pesquisadores envolvidos, mas no momento em que observei esse fenômeno, em particular, eu estava sozinha. Estava relacionado com a tese de uma aluna e depois vários alunos participaram”, finaliza.

O The Noite é apresentado por Danilo Gentili e vai ao ar de segunda a sexta-feira, no SBT. Hoje, a partir de 00h45.

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