* Duda Tawil
Internacionalmente (re)conhecido por retratar os panteões da cultura afro, o “Pintor dos Orixás”, Ed Ribeiro, será homenageado com o Título de Doutor Honoris Causa no próximo dia 11 de outubro, em Lisboa (Portugal). Concedido pelo Instituto Vasconcelos de São Paulo, a distinção será entregue pela iyalorixá Branca de Yemanjá, importante referência do Candomblé no país.
Entregue a grandes personalidades da cultura, artes, ciências e humanidade, o título representa a mais alta honraria universitária, independentemente de formação acadêmica. Como reconhecimento por sua contribuição e impacto na sociedade, a condecoração reconhece Ed Ribeiro como um dos nomes mais influentes da arte contemporânea ligada à espiritualidade afro-brasileira.
Iniciando sua carreira na pintura aos 52 anos, o artista visual conquistou projeção internacional ao desenvolver a técnica inovadora conhecida como “derramamento de tinta”. Sem recorrer a pincéis ou espátulas, ele aplica a tinta diretamente sobre a tela, permitindo que as formas surjam à medida que movimenta o quadro. Aclamada como revolucionária por estudiosos da arte, sua abordagem já o colocou ao lado de grandes nomes como Jackson Pollock e Pablo Picasso.
A notoriedade de suas obras conferiu a Ed prestígio internacional e a conquista de prêmios que consolidam sua posição como artista singular e inovador. Entre as suas distinções destacam-se: medalha de ouro pela Sociedade Brasileira das Belas Artes; laureado em 2010 pela Academia de Arte, Ciências e Letras de Paris; e neste mesmo ano recebeu a honra de expor suas peças no Museu do Louvre.
A trajetória do pintor é marcada por reconhecimentos expressivos de seu trabalho, com quatro anos consecutivos de destaque no Carnaval de São Paulo, com referências às escolas Mocidade Alegre e Águia de Ouro.
Além da capital paulista, Ed Ribeiro inspirou o enredo da escola Raio de Sol no Carnaval de Belo Horizonte em 2023 e recebeu bela homenagem no Carnaval de Salvador em 2025 na Banda Habeas Copos.
Outra agraciada será a advogada Maria Andreza Sá Gonçalves, que também receberá o de “Embaixadora da Cultura”, em breve. Ela já está há 28 anos residindo em Portugal, fazendo a ponte intensa com o Brasil, no jurídico. É mestra em Direito Penal pela Universidade de Coimbra. Em Portugal, dedica-se às causas dos imigrantes, assim como da violência doméstica. Nesse sentido, é autora de um livro que lançou em outubro do ano passado.
Fundou uma instituição da qual é presidente, o Instituto Cultural Luso-brasileiro Maria Andreza Sá Gonçalves, que tem como finalidade promover pesquisas, fazer intercâmbio com a cultura brasileira e muito mais. O seu currículo é interminável, e, em breve, ficará ainda mais rico, como participante, quiçá palestrante, do I Congresso Sino-Lusófono de Direito Comparado, nos dias 13 e 14 de novembro, com o tema “Inteligência Artificial e Direito: Problemas e Desafios”, em Coimbra. E uma semana depois, dias 20 e 21 de novembro, estará no II Congresso Intercontinental de Direito Penal, na cidade do Porto.
E ela, filha de Yansã, acalanta um sonho maior: em parceria com a Prefeitura de Salvador e o Estado da Bahia, promover em maio de 2026, numa freguesia de Lisboa, a primeira Festa de Santa Bárbara/Yansã da capital portuguesa.
Instalada em Nice, no sul da França, há 30 anos, a família Barreto, também de Salvador, será reconhecida com o Honoris Causa, sendo agraciada e representando todos os seus membros a incansável batalhadora pela cultura afro-brasileira na França que é Solange Barreto.
Solange é uma verdadeira ativista cultural, e entre outros méritos, é a idealizadora, criadora, fundadora e diretora artística do Festival Cultural Yemanjá de Nice, que acontece em julho de todos os anos, portanto, pleno verão da Riviera Francesa, e que agrega cerca de dez mil pessoas a cada edição, há quase 15 anos de existência, e do qual participam inúmeras associações.
Já com 35 anos de trabalho e resistência cultural, é natural de Salvador, e foi a dança que a catapultou para a Europa. Na sequência, abriu portas para vários artistas, a exemplo dos capoeiristas e músicos.
Tanto ela como a irmã mais velha, Bárbara, também radicada em Nice, foram eleitas rainhas de alguns dos mais famosos blocos afros de Salvador, como ambas rainhas do Ara Ketu (1986 e 1996, um espaço de 10 anos entre elas), Solange rainha do Muzenza e princesa do Olodum, títulos conquistados com muita dança, dedicação e garra. Portanto, são duas rainhas baianas no sul da França!
Solange, por sua vez, é mãe de Marcos Silva dos Santos, hoje funcionário da Prefeitura de Nice, e advogado diplomado pela Universidade de Nice, cidade onde chegou quando tinha apenas 12 anos de idade. É respeitado professor da capoeira, promovendo encontros internacionais anuais, levando o nome da Bahia lá fora, principalmente pela Europa.
A irmã Bárbara é liderança e referência de dança e arte baiana, tendo levado a capoeira para os espetáculos que produziu e produz no sul da França. Ou seja, a família Barreto reafirma as nossas tradições fora do país.
A eles três e aos demais agraciados, todes merecedores, os nossos parabéns, agradecimento e reconhecimento.
Avante, sempre!
Muito axé!
Foto (divulgação): o artista visual Ed Ribeiro, glorioso, no Centro Histórico de Lisboa, Portugal