Alceu Valença anuncia turnê “80 Girassóis” e revisita vida e obra no “The Noite”

Ícone da música brasileira e um dos maiores representantes da cultura nordestina, Alceu Valença é o convidado do “The Noite” desta quinta-feira, 4 de dezembro. No programa, o artista anuncia sua nova turnê, revisita momentos marcantes da carreira, conta curiosidades sobre composições emblemáticas e apresenta alguns de seus sucessos no palco.

Prestes a completar 80 anos em julho de 2026, Alceu antecipa as comemorações com a turnê “80 Girassóis”, que passará por diversas cidades brasileiras a partir de março e incluirá 13 capitais, além de apresentações no exterior.

Mesmo após décadas de estrada, o músico mantém energia e vitalidade impressionantes, resultado de hábitos disciplinados e de longas caminhadas. “Minha alimentação é muito regrada, eu sigo os conselhos de Dona Adelma Valença, minha mãe: ‘coma para viver, não viva para comer’. Por isso que tenho esse físico. A segunda coisa é caminhar. Minhas músicas estão cheias de caminhadas, eu falo muito disso. Subir as ladeiras de Olinda, passear pelo Parque Ibirapuera ou Lorena, quando estou em São Paulo. Ir para Lisboa e subir a ladeira do castelo todos os dias. E no Rio de Janeiro também caminho. Quando eu estou viajando, eu ando muito antes do show”.

O artista também relembra transformações pessoais, como o abandono do álcool e sua relação com a insônia, episódio que deu origem à canção “Solidão”, composta durante uma madrugada de contemplação.

“Eu fiz um show no Palácio das Artes, em Minas Gerais, para uma plateia bem participativa, e voltei para o quarto do hotel, peguei a chave, abri a porta e quem estava lá? Dona Insônia. Era quatro da matina, eu abri a janela e fiquei olhando a lua, os poucos carros na rua e comecei a pensar na solidão da gente, do artista e dos astros. Eu estava com uma plateia incrível e depois estava sozinho. E aí compus: ‘A solidão é fera, a solidão devora. É amiga das horas, prima-irmã do tempo. E faz nossos relógios caminharem lentos, causando um descompasso no meu coração’”, declara o convidado.

A entrevista também traz histórias do passado, como sua ligação com o basquete. Alceu jogou na base do Náutico, de Recife, integrou a seleção juvenil e, ainda jovem, chegou a dividir a quadra com os lendários Globetrotters em uma apresentação. Recorda ainda o episódio que o levou a ser expulso da escola, após um desentendimento com o professor de francês que o impediu de participar de uma viagem acadêmica para Paris.

Com estilo único e difícil de categorizar, Alceu comenta suas fusões musicais e explica como absorve influências diversas, sempre filtradas por seu olhar pernambucano.

“Tem determinadas coisas que as pessoas não conseguem raciocinar. Um instrumento como um baixo elétrico, por exemplo, pode ter sido criado na Inglaterra ou nos Estados Unidos, mas você toca do seu jeito. Uma sanfona do tango da Argentina é totalmente diferente do baião. Quando eu incorporei a guitarra, eu incorporei um instrumento, e não como se eu quisesse me espelhar com uma música que não era meu estilo de música. Nos HDs de minhas memórias, eu tenho essas influências que são dos povos que fizeram meu país, sobretudo a minha terra”.

Além da música, o veterano também tem trajetória marcante na dramaturgia. Atuou no teatro, participou do filme “A Noite do Espantalho” (1973) e escreveu e dirigiu “A Luneta do Tempo” (2014). Sua paixão pelo cinema surgiu na adolescência, quando era frequentador assíduo.

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